Como se nada fizesse, dançava
Como se nada falasse, cantava
Como se nada visse, sonhava
Como se nada sentisse, amava.
Como se tudo durasse, passava
...
sexta-feira, 21 de janeiro de 2011
sexta-feira, 7 de janeiro de 2011
Eis o homem
Ouvia-se no auto-falante da praça que o amor era a solução.
A solução contra quê? Me perguntei.
E nesse exato momento o ódio, a ganância, a gula e a preguiça, levantaram seus braços e vozes em sinal de protesto.
Pois, claro, onde se tem amor, se retira ódio.
E eu, como sempre, não sabia o que fazer.
Olhava de um, para outro. O que mudaria com a tal chegada anunciada?
Ficaria a praça mais iluminada?
Seria o vento mais macio?
E quando mal questionei tais mudanças, já veio a teimosia gritando em alto e bom som:
Tudo será diferente, eu garanto!
E a paciência logo interveio pedindo calma, que só vendo poderíamos crer em mudanças, e o que era pra ser, seria.
É, pensei, convincente.
Estaria eu enfim concordando com algo?
E mais uma vez o alto falante soou. Sim, dessa vez era o intelecto.
De ínicio fiquei em dúvida de que lado ele estava, pois dizia que só apreciaríamos o amor, porque tínhamos convivido com o ódio. Deveríamos apreciar o último, pois sem sua presença, não nos importaríamos com a chegada do primeiro. Desfrutaríamos do amor, por ter convivido com o ódio, dizia ele. Não eram, como poderia parecer, inimigos, mas sim, complementares! Tal como a dor, e a saúde; o frio e o quente; a saudade e a onipresença. Que já tinham percebido que não viviam um sem o outro. E ele ia continuar seu discurso, um tanto quanto convincente, quando a preguiça o chamou e convenceu de que daria muito trabalho pensar nisso tudo.
E foi, se aproveitando do momento, que o orgulho, que passara todo o discurso calado, não se conteve e desmentiu tamanha calúnia!
Como se atrevia o intelecto a dividir o brilho do ódio com o amor? Tudo era mérito dele próprio!
E a sinceridade, de um canto, apenas mentiu: verdades são mentiras convictas. O que, admito, me deixou confuso ao perceber que ela e a mentira estavam grudadas. Seriam siamesas?
Continuei a observar esse tumulto que me rodeava. Eram tantas convicções, tantos pontos de defesa, de ataque. Sempre existiria um debate? Não haveria um consenso? Onde estava a satisfação?
O boato que ela fugira já tinha anos, estava mais que na hora dela aparecer de novo, não é mesmo? Talvez não... A curiosidade, por um exemplo, era uma que se aproveitava desses momentos. Sempre dando pitecos do que poderia ser se fosse, do que seria se era... Algo assim.
E então as portas se abriram. E foi nesse exato momento, o que as portas se abriram e o amor entrou, que percebi que nada mudaria ao meu redor. A curiosidade sempre estaria presente, o ódio sempre estaria à espreita, a ganância sempre em posse do auto-falante, o intelecto quase sempre acompanhado da preguiça, os opostos sempre se necessitando, e a satisfação, para sempre perdida.
E foi assim, nesse mesmo exato momento, que tudo se tornou claro para mim; que de dúvida, virei certeza.
A solução contra quê? Me perguntei.
E nesse exato momento o ódio, a ganância, a gula e a preguiça, levantaram seus braços e vozes em sinal de protesto.
Pois, claro, onde se tem amor, se retira ódio.
E eu, como sempre, não sabia o que fazer.
Olhava de um, para outro. O que mudaria com a tal chegada anunciada?
Ficaria a praça mais iluminada?
Seria o vento mais macio?
E quando mal questionei tais mudanças, já veio a teimosia gritando em alto e bom som:
Tudo será diferente, eu garanto!
E a paciência logo interveio pedindo calma, que só vendo poderíamos crer em mudanças, e o que era pra ser, seria.
É, pensei, convincente.
Estaria eu enfim concordando com algo?
E mais uma vez o alto falante soou. Sim, dessa vez era o intelecto.
De ínicio fiquei em dúvida de que lado ele estava, pois dizia que só apreciaríamos o amor, porque tínhamos convivido com o ódio. Deveríamos apreciar o último, pois sem sua presença, não nos importaríamos com a chegada do primeiro. Desfrutaríamos do amor, por ter convivido com o ódio, dizia ele. Não eram, como poderia parecer, inimigos, mas sim, complementares! Tal como a dor, e a saúde; o frio e o quente; a saudade e a onipresença. Que já tinham percebido que não viviam um sem o outro. E ele ia continuar seu discurso, um tanto quanto convincente, quando a preguiça o chamou e convenceu de que daria muito trabalho pensar nisso tudo.
E foi, se aproveitando do momento, que o orgulho, que passara todo o discurso calado, não se conteve e desmentiu tamanha calúnia!
Como se atrevia o intelecto a dividir o brilho do ódio com o amor? Tudo era mérito dele próprio!
E a sinceridade, de um canto, apenas mentiu: verdades são mentiras convictas. O que, admito, me deixou confuso ao perceber que ela e a mentira estavam grudadas. Seriam siamesas?
Continuei a observar esse tumulto que me rodeava. Eram tantas convicções, tantos pontos de defesa, de ataque. Sempre existiria um debate? Não haveria um consenso? Onde estava a satisfação?
O boato que ela fugira já tinha anos, estava mais que na hora dela aparecer de novo, não é mesmo? Talvez não... A curiosidade, por um exemplo, era uma que se aproveitava desses momentos. Sempre dando pitecos do que poderia ser se fosse, do que seria se era... Algo assim.
E então as portas se abriram. E foi nesse exato momento, o que as portas se abriram e o amor entrou, que percebi que nada mudaria ao meu redor. A curiosidade sempre estaria presente, o ódio sempre estaria à espreita, a ganância sempre em posse do auto-falante, o intelecto quase sempre acompanhado da preguiça, os opostos sempre se necessitando, e a satisfação, para sempre perdida.
E foi assim, nesse mesmo exato momento, que tudo se tornou claro para mim; que de dúvida, virei certeza.
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