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terça-feira, 7 de janeiro de 2020

só mais um gole

Mais um gole. Eu sei que já mentalizei isso no mínimo umas cinco vezes, mas dessa vez vai ser o último. Vodka, gelo, água de coco. Enquanto mexo o copo, olho pra você (por mais que você diga que eu não te observo). Seu cabelo tá meio desgrenhado. Sua boca carrega aquele sorriso de sempre: receptivo, galanteador. Passo por você sem te olhar, vou só apoiar o copo na cadeira. Nossos braços se esbarram. Droga. Só ia apoiar o copo. Sua mão segura meu braço. Sua barriga encosta nas minhas costas, nuas. Seu sorriso beija meu pescoço. Sua outra mão já sobe contornando minha cintura. Dou um gole no copo que não consegui apoiar na cadeira e penso: respira. Mas só consigo ouvir a sua respiração. Você me empurra até a parede. Minhas mãos e meu rosto encostam nela. Suas mãos e seu rosto descem do meu pescoço pelas minhas costas. Seus dedos alcançam minha calcinha, preta. Eles chegam ela pro lado, enquanto sua boca volta pro meu pescoço. Sem pressa você desliza seus dedos entre meus lábios, já molhados. Os seus, da boca, molham minha nuca. Já não consigo abrir meus olhos. Meus peitos, despidos, são pressionados contra a parede, gelada. Enquanto uma de suas mãos desliza pelo meu clitóris, a outra domina meus cabelos. Você vira minha cabeça pro lado e me beija. Não sei o que tá mais molhado, seus lábios de cima ou os meus de baixo. Enquanto sua língua entra macia na minha boca, seu dedo entra entre minhas pernas. O copo ainda está na minha mão. Vai ser só mais um gole.