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quarta-feira, 22 de julho de 2020

tem um muro que separa a gente

tem um muro que separa a gente. toda manhã que você coloca gal no volume máximo, eu danço na sala. o cheiro do café e do pão de queijo (que às vezes você deixa queimar), me fazem lembrar de preparar meu pão com ovo. você acorda por volta das oito. eu já reguei as plantas, já fiz xixi e escovei os dentes. hoje tive um sonho bom: cafuné da vó, com direito a chocolate quente e nossas partidas intermináveis de buraco. ligo pra minha irmã, compartilho o sonho, a saudade. por que você tá chorando? queria te abraçar, mas tem um muro que separa a gente.
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tem um muro que separa a gente. antes das oito você já está dando bom dia pras plantas. as janelas abrem, ouço o barulho da descarga. gosto de enrolar na cama. preparo meu café e imagino o que você vai comer. droga, queimei o pão de queijo. me preparo pra entrar no banho, ligo meu som no máximo, será que você gosta de gal? hoje você parece feliz, ouço sua risada uma, duas, três vezes. meu telefone toca, minha mãe mal consegue dar a notícia. minha avó. ouço sua máquina de lavar, pego a primeira roupa preta que vejo no varal. queria te abraçar, mas tem um muro que separa a gente.