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terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Antítese

Como posso te dizer que a culpa é da sua pele?
Não, do seu cheiro.
Tudo bem, não culpo seu perfume, mas por que seus olhos inistem em me olhar?
E não é só o modo como você me olha, é a intensidade. A cor, o brilho.
Por que esse olhar inocente?
A sua boca ainda por cima sorri. E esses lábios, macios, resolvem se separar e expor seus dentes brancos e alinhados. Como se você não fumasse.
E não ri, por favor. O som da sua risada me mata. Me conforta mas me mata.
E quando você me puxa, me aperta e sorri como que dizendo: ri comigo?
Está tudo muito próximo. Sua pele na minha, seu olhar no meu, seu hálito no meu rosto.
E quem disse que eu quero rir?
Me solta. Mas você não percebe. Você simplesmente continua sorrindo e me abraça.
E esse abraço.. Esse abraço... Dá pra encostar menos em mim?
Dá pra encaixar menos no meu corpo?
Não quero sentir seu coração ao encostar minha cabeça no seu peito.
Não quero me confortar nos seus braços. Nem fechar os olhos com seu cafuné.
Você não percebe?
Não me toque, não me chame, não me olhe, não respire, não sorria...
Dá pra não existir?
Eu não suporto mais te ter comigo.
Eu não suporto mais fingir que está tudo bem.
Eu não me suporto mais.
Você não percebe?
Ao menos, deixa eu fingir...

sábado, 28 de janeiro de 2012

O movimento é a poesia do corpo, a libertação da alma.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Vivemos

E assim, vindo não se sabe da onde, a gente passa a perceber que a vida, que a gente, é muito mais do que nosso corpo, nossa mente, nossos bens, nossos julgamentos, nossas ideias.
a vida, mesmo que nossa, não está nas nossas mãos. não depende só da gente.
e mesmo que isso amedronte, pareça tirar o poder que um dia julgávamos ter, isso nos encanta.
porque essa vida nao é minha, é nossa.
é minha, sua, dele.
e mesmo que se perca parte do corpo, que se perca seus bens, a sanidade, a ética, alguém vai estar com a gente. ou, pelo menos, estaremos aqui.
e esse é o maior bem de todos.
é poder saber que se teve, se perdeu. mas saber.
é saber que sofreu, foi feliz. mas saber.
então mesmo que se esteja na merda, pelo menos se está. então a merda parece menor.
e isso é belo.
e não é que eu tente enxergar coisas boas em momentos ruins.
eu apenas não os vejo como ruins.
se alguma coisa boa ele me traz, sorrio. e percebo como essa parte, mesmo que pequena, pode se sobressair a todas as outras.
e como tudo um dia passa e se transforma na felicidade do ter passado e poder enxergar como passado o que se fazia presente.
e tudo vira felicidade.
As lagrimas do palhaço que fazem sorrir a platéia.
A tristeza que leva à plena alegria.
A de compreender que tanto a felicidade quanto a tristeza, são belas.
São lágrimas, basta você escolher como querer classificá-las.
O palhaço que chora, faz sorrir e no fundo, sorri para si mesmo.
Até mesmo sua tristeza faz sorrir.
Somos eternos palhaços e espectadores.
No fim, lágrimas para felicidade.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Se me revelo, me/te perco
Desmancho em pedaços de eus
que partem à procura do eu que te tinha
E então eu me tenho
Revelada e não minha,
Mas sua.

21/10/2011

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

A paixão é cega

Ela estava ali, segura. A cada passo que eu dava, ela estava comigo.
Não sei como esse conforto veio a acontecer, como esse apego se deu.
Só sei que não me via mais andando sem ela.
Ela já parecia fazer parte de mim, se encaixava perfeitamente ao meu corpo.
E por mais que todos naquela altura já a tivessem jogado fora, eu a queria manter comigo.
Não sabia o por que. Não sabia de que forma ela me satisfazia.
Mas ali estava eu, e ela.
Ficamos um bom tempo caminhando juntos.
Literalmente de mãos dadas.
Como era prazeroso senti-la.
Seu toque era tão sutil, macio...
Tive muitas oportunidades de descartá-la. Mas não o fazia.
Queria prolongar aquela sensação, mesmo sabendo que era preciso nos separar.
As chances daquilo acabar com respeito, da melhor forma, não só para nós, mas para todos, estavam acabando.
E foi com pesar que essa chance surgiu: laranja, apoiada em um poste.
Me aproximei. Ainda um pouco relutante, encarando o destino cruel que daria à nossa tão curta relação, abri minha mão e com um movimento rápido lancei-a a seu novo destino.
E foi só então, quando nos desvencilhamos e já me afastava da lixeira, que percebi que de fato não era a pipoca que me proporcionava tal sensação.
Era a manteiga.
E essa, ainda estava na minha mão.

Da vida um espetáculo

Ali estava o vidro. E refletido nele, eu. de longe, mas eu. e no fundo a cidade. parte dela. o morro, 3 predios, antenas, ceu, nuvens. (que belo azul singelo).
e sobreposta aos predios, em uma proporcao que faria minha cabeça do tamanho de no minimo 7 andares do predio, a minha cabeça. e então vejo algo estranho. por alguns segundos meu coração acelera. seria um vulto? algo além de minha cabeça reflete no vidro. em movimento. espirito?
bem atras de mim. ali. eu vi... ou nao?
não. é fumaça. do outro lado do vidro, do outro lado da imaginção, alem do reflexo.
é apenas fumaça.
e em mim, plena fantasia.

e é nesse momento totalmente rotineiro, banal, que percebo que tentamos, a todo esforço, fazer dos momentos, sonhos, do comum, o extraordinario, e de uma simples fumaça, uma materialização de um ser de outro mundo.

mas minha cabeça continua do tamanho do prédio.