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quarta-feira, 23 de maio de 2012

Para você

Não basta seu olhar me distrair
e não digo que me distraio de você,
me distraio do mundo
porque, mesmo que por alguns segundos, meu mundo é o seu olhar
E então me vejo presa aos seus lábios
meu olho, minha boca.
e dos seus lábios não restam pensamentos, nem dor
dos seus lábios só restam mais lábios, que não se bastam
E assim meu corpo procura pelo seu
e quando penso que ele se sacia ao enfim te encontrar
eu me perco mais e mais
e acabo por me afogar na imensidão da sua humanidade
Porque você é um pedaço de mundo
um pedaço, raro, do que há de humano no mundo
e é essa sua simplicidade,
essa ingenuidade do todo,
que me fazem a cada dia querer explorar mais desse seu mundo que já faz parte do meu.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Sou o branco

É incrível como a cada dia vejo o quão menos me faço de mim.
como amadureço essa falta de personalidade própria em diversos eus que me rodeiam.
e fico cada dia mais tranquila.
não me perco dentro de mim, talvez dentro de todos vocês.
não me vejo sem caráter, sou apenas o que sinto e sou.
não me julgo, senão eu não seria.
e não espero que teceiros não me caracterizem. reconhecemos, fato.
mas se hoje me disserem que não me conheço, penso: pelo menos sei o quanto me conheço (ou que não e conheço).
pior seria me encontrar daqui a uns anos e ver que não sou nada do que parecia ou imaginava ser.
estou aberta a mudanças.
eu sou a mudança.
e quem tenta permanecer e acha que assim se encontra, está apenas se posicionando em um campo seguro de definição.
e como a definição nos tranquiliza... como sabermos, ou acharmos que sabemos, nos fortifica e dá a impressão de aí sim sermos algo.
porque como ser se não sabemos que somos?
mas eu arrisco ser sabendo que não sou.
porque sendo eu, sou eu. apenas.
mas não me sendo, sou você, eu e ele.
e não poderei me julgar, me criticar ou o que quer que seja.
pois não terei parâmetro.
quer jeito mais fácil de viver?
e por mim, já basta me chamar Bruna.
que lhes satisfaçam essa definição de mim.
quanto à mim verdadeiramente, continuarei a procura de mais eus que me completem ou me desencaixem, mas que me façam ver quantos eus ainda cabem dentro de mim.

Ela e eu

E quando deito e minha mente se afasta daquilo que durante todo o dia me roubava a atenção... não, eu não relaxava.
Ela ainda assim recorria a você.
E não me pergunte como era sempre você, ou por quê.
Ela (ou eu?) parece ter uma fixação pelo seu rosto, pelo seu cheiro, pela sua risada.
Ela (ou eu?) não esquece seu gosto, sua pele ou sua falta.
Sua falta é tão presente que ela te traz para mim a cada minuto.
Ela insiste em confundir tons de vozes com o seu, mãos com as suas, piadas com as nossas.
E ainda me faz não me achar em outro. Me deixa sozinha mesmo em meio à uma multidão de pessoas. Até eu não me basto.
Ela frisa e me faz frisar: cadê você?
E eu tento, eu corro, eu durmo, eu beijo, eu fujo.
Mas ela te tem com ela.
E então eu também te tenho.
Mas esse te ter não me completa e ela insiste em me fazer sair aos pedaços por aí.
E assim eu vou caminhando. Eu, ela.
E você.