...

...

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Além

e então, como se a vida fosse muito mais do que o inimaginável do imaginável, eu não só via, ouvia ou sentia. eu ia além, e do além não se descreve, nem vê, ouve ou sente. e quando digo que fui além da vida, da imaginação, fui além de mim, de você, de Deus. fui além do Diabo. além do que existe e do que não existe. além dos opostos, além da dúvida, da certeza e da existência. e se eu fui além e aqui escrevo, eu voltei. e se eu voltei, eu não fui. porque ir além não tem volta e você nem sequer sabe que foi. eu apenas fui e, como todos, voltei. é uma puta palhaçada sonhar.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Pesado

carrego comigo algo que não sei de onde vem
que não sei que nome tem
nem como chegou a mim
carrego comigo algo pesado e ao mesmo tempo leve
que me alivia e me desespera
mas simplesmente chega, eu querendo ou não
carrego comigo algo que me leva
que às vezes me cega
me confunde sentido e razão
carrego comigo algo que no fundo me carrega
que permanece e nega
enquanto meus pés anseiam somente por direção

domingo, 27 de novembro de 2011

O que é o alívio, se não a ausência?

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Apatia

eu digo que calo
poesias feitas à boca, à solta
não me satisfazem

eu calo perante o todo
o para todos, o comum,
não me atraem

eu totalizo o singular
provas de amor, de dor
não me surpreendem

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Memória

São como cubos. Não, melhor, são como linhas que se ligam e a partir de certo momento se desconectam. E se conectam. Talvez em mais de um ponto. E talvez se percam para sempre... Se desprendem e vagueiam sem rumo, esquecidas em meio ao vazio do pensamento. Mas essas linhas perdidas ocupam espaço? Esses pensamentos esquecidos se acumulam? Lotam nossa mente? Ou se são esquecidos se desfarelam, para sempre? Existe para sempre dentro da gente? Ou tudo pode ser resgatado? Esses fios nunca se desmancham? Ou será que nem mesmo se desprendem de fato de toda essa rede da memória?
Como é agradável poder deixar de lado aquele pensamento funesto, aquela memória desagradável, aquela dor passada. Tirar o peso das costas. Mas de fato elas sumiram? Ou ainda estão ali... Vagueando... Esperando para se ligar no próximo fio que ainda esteja conectado com toda essa teia mental? Ou talvez realmente não seja possível se unir novamente. Talvez de fato seja como se nunca tivesse existido. Ou talvez não precise estar ligado, atado, para se saber. Só de estar ali, vagueando, ocupando nosso espaço mente, exista. E saibamos que existe, ou já existiu.
Desde que eu saiba controlar os que me vêm à mente, fingir deixar de lado os que me atormentam, conseguir só unir os fios que me bem entenderem, está tudo bem. Não sou de remoer pensamentos. Deixo que eles me cheguem no momento último, quando não tenho como escapar deles porque os jogam na minha cara. Aí talvez ele se ate de novo. Encontre toda essa minha teia que segue a cada dia se ampliando e se soltando em pedaços que talvez nunca mais eu vá a me lembrar.
Quem sabe...

12/09/2011

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Preencha-me do mundo

parte de mim hoje parte
e sem dizer adeus me abandona como se nunca antes tivesse sido minha
essa parte não volta, eu sei
mas há outras partes que ainda podem crescer
(dentro de mim)
e desfazer a falta
que essa única parte me faz.


Porque parte de mim é você e parte de você... é mundo

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

foram dois ainda que uns
foram eles ainda que não deles
foram seres ainda que humanos
foram almas ainda que corpos
e assim serão: um só, tendo já sido dois
eles, tendo já sido deles

seres, com algo além de humano

almas, que um dia já foram um só corpo.

somos os mesmos. mas completamente outros.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

hahaha
- E o que nós somos da vida senão eternos questionadores do que somos?

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Ser, estar, permanecer, ficar

Não importa o meio de transmissão, desde que se transmita.
Seja um olhar, uma fala, um discurso, uma pintura, uma fotografia, uma música, um som, um toque, um movimento... Se transmita.
Chego a pensar até que não importa quem você seja, desde que seja.
E todos somos. Não somos?
Que seja velho, novo, barbudo, careca, loiro, ruivo, negro, branco, hippie, patricinha, gorda, magra, comunista, cristão, gago, surdo... Se é alguém.
E esses dois fatores já bastam. Nós somos e por sermos, transmitimos.
O que ser e o que transmitir, isso depende.
O que querer receber também.
Mas qual é a vantagem em não conhecer?
E por que só ser de um tipo, só transmitir mesmas coisas?
Temos a chance de ser, então sejamos!
Tudo, todos.
Temos o mundo aos pés, temos corpo, alma, mente.
Somos ao mesmo tempo tão iguais e tão diferentes!
Sempre há o que se tirar de proveito de uma descoberta.
Sempre.
Não importa de quem, com quem, como.
A todo momento estamos absorvendo, vivendo, formulando.
Não só ideias, mas nós mesmos.

[eu quero o mundo. e que o mundo me queira]

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

ser de alguém carrega sempre dois pesos:
o de ser e o de não mais ser

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

A arte da morte

Morrer é uma arte.
E que se tente provar o contrário.
Morrer é uma arte.
Não é a vida que é a obra prima.
É a morte.
É na morte que nos tornamos mais vivos (dentro dos outros).
Durante a vida, vivemos.
Na morte? Vivem por nós.
Somos literalmente uma obra de arte.
Nosso caixão, as flores, o público em volta, ansioso para nos ver ali, deitados.
Oram pela gente, relembram momentos, julgam nosso então ex caráter, escrevem suas dores, sentem suas dores.
É na hora da morte que somos heróis, ou vilões.
É naquele momento que nosso espetáculo termina e a platéia aplaude ou não.
A cortina fechou, a luz apagou.
Aplausos! Vaias!
Somos observados. Melhor: julgados (estudados, caracterizados).
Provavelmente não seremos obras eternas, raras, lembradas para todo o sempre.
Mas permaneceremos em mentes por bastante tempo.
Não seremos uma morte Monalisa, O capital. Nem sequer Hitler, Senna, Gandhi, futuro Pelé.
Estas serão mortes eternas enquanto durarem.
Seremos mortes menores, obras mais 'esquecíveis'.
Mas seremos obras. Arte.
Influenciaremos ao mesmo tempo todas as pessoas que já passaram por nós em algum momento.
Será uma avalanche de emoções. Uma torrente de recordações. Transbordarão sonhos, verdades, mentiras, frustrações, arrependimentos, tristezas, felicidades, recordações.
Estarão todos ali (mesmo que alguns em pensamento). Sua vida estará ali, aos pés da sua morte.
Talvez encontros que você sempre quis ter durante a vida, estarão ali, observando sua matéria.
Eis você a obra que moldou durante toda sua vida observada por quem você se mostrou durante toda sua produção.
Toda a sua vida observando a obra da sua morte.
A obra completa de uma vida acabada.
Que todos tenhamos um belo espetáculo!
Os aplausos, deixemos para o final...
(À mercê dos futuros mortos. Todos seremos obras. Viver é uma arte.)

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Somos vendaval em meio à chuva.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Nus

se fôssemos claros
transparentes
se fôssemos água
vento
se transbordássemos
naufragássemos

não seríamos nós
mas poderíamos ser como eles
ainda que nós

e eu seria leve
pluma
seria calma
sossego

e ainda seria eu
ainda que sua
tida e dita
despidamente sua

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

temdiasquedávontadedesairescrevendosemintençãodedefatodizernadaapenasfalarescreverjogarpensamentosforaquesejadizerparalelepipedoparalelepipedosópensaremparalelepipedonãoconsigomaispensaremnadaanãoserparalelepipedoagorapenseiemparaleloquemeremeteumatematicaeconomiafuturomorteequeeucanseidebrincardeescreveredepensaremescrevereescrever. fim

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

across the universe

qualquer lado do mundo é mundo.
do lado do homem ha homem
ha pele
medo
sonho
homem.
qualquer parte do mundo é mundo.
que se parta (o mundo)
que se parta (voce)
de nada se parte de fato
[carrego voce comigo]
[me carrego]
todo pedaco do mundo é mundo.
pode se despedacar
nevar
que chova
faca sol
ha ruas, pessoas, pés, abrigos, sorrisos, lagrimas
ha vida
no mundo

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

além

certa vez li algo sobre nao ser preciso viajar fisicamente pra se sentir em tal lugar.
a imaginaçao é esplendorosa.
onde nao podemos ir se somos dotados da mente?
o que podem nos proibir de fazer se podemos imaginar?
no campo das ideias podemos tudo.
pode-se ser o que quer.
fazer o que der vontade.
provar do que é proibido.
no campo da imaginaçao, temer é tolo.
nao poder é inviavel.
desconhecer é uma aposta.
é tanto que se pode alcançar do imaginario e tao restrito o que se pode captar fisicamente.
nossos pensamentos voam, soam, ecoam, se multiplicam, ampliam, idealizam, se aperfeiçoam.
o real é aquilo. isso. nao se multiplica, é. nao se amplia, idealiza, ecoa. é o que voce ve, sente, toca.
seria melhor viver de sonhos?
seria melhor sonhar de viver?
é pecado provar do infinito e ser aprisionado do efemero.
acaba tudo sendo tao comum.
o esperado é esperado.
e o inesperado nao mais se espera.
no final, os sonhos se tornam verdade.
nao que a verdade nos satisfaça.
é apenas verdade. nua, crua.
e nao que a nudez nos satisfaça.
é apenas nudez. branca, humana.
e nao que o homem nos satisfaça.
é apenas homem. vida, sonho.
e nao que a vida nos satisfaça.
é sonho. em vida

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Sem acento, segue o parabens

Se o tempo daqui fosse o tempo dai,
seria tempo
mas tempo dai e daqui, apesar de ser tempo
em tempo se deixa de ser
e ao mesmo tempo e
se aqui o tempo e
ai o tempo sera
e apesar de o serem sem ao mesmo tempo ser
me sou ao mesmo tempo que es
e assim o tempo vira tempo
e a tempo eu viro nos

terça-feira, 28 de junho de 2011

Metamorfose

Não quero ser como eu
Não quero me limitar a mim
Não quero uma alma
Um corpo
Uma vida
Quero ser eu, você, ele
Quero ser seu nos sendo
E do meu ser, ser tudo
De mim, de você, de nós

sexta-feira, 17 de junho de 2011

somos.somos

nao se sabe se e isto
nao se sabe se e aquilo
nao se sabe se e
nao se sabe

nao se sabe se sente
nao se sabe se mente
nao se sabe se sabe sentir
nao se sabe

nao sabendo se sabe saber que nao se sabe se eu sei que nao sei ja sei sabendo nao saber que eu sei se sabe eu sei se sei sem saber se sabe sem saber se saberemos nao sei se sabermos ja sabe seremos sabendo ser nao sabendo ser

terça-feira, 14 de junho de 2011

Reflexo

Quero tudo. Quero tudo que se possa ter nessa vida. Quero tudo porque sei que um dia não vou ter nada. Tudo menos o nada. Nada além de tudo. Tão próximos e tão distintos. Tão homens e tão animais. Tão pacionais para criar e tão gananciosos para obter. Burro o homem que tudo quer sem ter nada a oferecer. Quero nada. Quero nada que se possa ter nessa vida. Quero nada porque sei que um dia não vou ter tudo.





Quero nada. Quero nada que se possa ter nessa vida. Quero nada porque sei que um dia não vou ter tudo. Nada menos o tudo. Tudo além de nada. Tão próximos e tão distintos. Tão homens e tão animais. Tão pacionais para criar e tão gananciosos para obter. Burro o homem que nada quer sem ter tudo a oferecer. Quero tudo. Quero tudo que se possa ter nessa vida. Quero tudo porque sei que um dia não vou ter nada.

sábado, 11 de junho de 2011

now

sexo. amor e sexo. drogas e rock and roll. sem compromisso. sou omisso. a isso. ao instinto carnal sou submisso. nisso. mostro serviço. isso disso isso isso isso isso isso isso isso

ou isto ou aquilo.

e os dois?

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Parágrafo

Seus pés ainda tremiam de frio e a única coisa que de fato sabia era que fazia -3 graus em Wertinger, conforme indicava o termômetro da praça mais próxima. As árvores, ainda secas do outono, sequer podiam esquentar quem ousasse repousar sob elas. Os galhos sem vida espalhados pelo chão incomodavam os transeuntes de passadas apressadas. Syrtegus recostou no banco de madeira vazio, ocupado apenas por um jornal do dia anterior. De fato, nada mais seria o mesmo, a não ser, é claro, esse típico cenário gélido de Wertinger em agosto.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Amantes

E quando deu por si era ele.
E dele só restaram delas.
E nelas o rosto dele
Que delas eram ele
E elas.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Presente?

Se sou, já fui


Se serei, já sou


Sendo sido serei sendo


Sempre sendo serei e sou


E fui.





Sou?

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Se somos nós, quem são eles?

quarta-feira, 18 de maio de 2011

entre querer e nao querer
quero


entre eu e voce


nos


entre me querer e te querer


nos quero

terça-feira, 17 de maio de 2011

presente

e se sente.
e se mente.

que se tente,
se ausente!

se sente...
e mente.

mente porque sente,
sente porque...

sente

terça-feira, 3 de maio de 2011

Não consegui escrever o que eu queria. Ou como eu queria. Título: Não desperdiçando pensamentos, palavras. Dica: não disperdice seu tempo, palavras.

Já escrevi sobre saudade?
Quem já não escreveu sobre saudade?
Que sejam aqueles textos vangloriando essa palavra únicamente brasileira, sejam os de um amor perdido, o de tempos idos, os de distância física, os de cheiros, gostos...
E hoje eu quero falar de mais de uma dessa saudade.
E não quero falar poeticamente, em texto arrumado, gostoso de ser lido, bonito...
Quero só falar. Sair cutucando essas teclas aqui e escrever.
Quero ter esse ímpeto, assim como a saudade tem de entrar em mim sem eu querer.
Ou eu quero?
Lá vou eu entrar em outros campos... Não, não vou.
Saudade.
Saudades.
Saúde. Saúde do que? Do sentimento? De saber que sentimos e ao setirmos sentimos a falta de sentir algo?
Pulemos a morfologia (minha) da palavra.
Vamos à sua semântica.
Eu estou com saudades.
E digo no plural mesmo, porque virei um poço de saudades.
Virei uma saudade ambulante, ou melhor, um corpo rodeado de 'fatores saudosísticos'.
Tudo parece me remeter à saudade.
Eu odeio saber do ido, do foi, do era, do vai passar, melhor, do passado.
E odeio, ao mesmo tempo, saber do ir (porque me remete que o que sou vai ser foi). Ou seja, o futuro me alerta que o presente é passado. E acaba que tudo vira passado antes mesmo de ser futuro, ou, mais precisamente, presente.
Mas nem sempre penso assim. Porque se assim o fosse não sentiria saudades. Saberia que tal coisa aconteceria, tal pessoa voltaria, tal sentimento passaria. Ou não.
Poderia ter saudades do que poderia ser e nunca será, aquela saudade que existe mesmo antes de existir motivo da saudade. Só sua hipótese.
Essa é chata... É o: como seria se fosse.
Mas talvez não doa tanto quanto o: foi e não vai ser mais.
Porque nesse caso você sentiu o que era e o que não poderá ser mais.
É... Não sei.
Pensando bem, dá pra ser as duas ao mesmo tempo. Dá pra ser como seria se fosse e foi e não vai ser mais (não por enquanto).
E essa tá me sugando por enquanto.
Também tem a saudade alheia. A que vem junto, ou por causa, da compaixão.
Aquela saudade do outro que você sente pela pessoa.
A falta que ela faria e que você acaba sabendo como vai ser.
A saudade de terceiros...
E tem a saudade do que você sabe que seria se não fosse alguma coisa.
Não, não é igual a: como seria se fosse.
Você, nesse caso, já sabe como seria. Você tem tudo ali planejado, claro na sua frente, mas não acontece.
E você sabe como é, mesmo não sendo. E acaba sofrendo a saudade daquilo que você sabia como era sem ter sido.

Tudo bem, a saudade dos tempos idos. Essa eu já tenho como íntima. Sofro do "mal do Peter Pan".
Nunca quis crescer, nunca quis sair da escola, nunca quis ser maior de idade, gozar dos privilégios da maturidade.
Por mim estagnaria os momentos, as sensações.
Mentira, não mesmo.
Mas eu odeio o "nunca mais" e me perdoem os fanáticos pelo: 'nunca diga nunca', mas nunca mais viveremos militricamente igual nenhum momento da nossa vida. Nem em memória. Nossa! Nossa memória é uma ladra, uma diretora renomadíssima. A minha memória nesse caso uma péssima diretora, porque mais degrada as cenas do que as soma.
Não lembro das coisas direito, das sensações, dos costumes, das particularidades.
Tudo me vem à mente como um filme antigo visto, sendo eu a personagem principal. (E em preto e branco, e cortado, e falhado e sem som e cheiro e... acabo inventando um passado).
Tudo bem, sou uma acumulação de tudo que já vivi. Mas de verdade só consto esse fato como verdadeito por fotos. "Ah sim, era eu". Porque por memória e compaixão por tempos passados, estou zerada.
E acabo por sentir falta disso. (Não dos tempos passados relembráveis, uma vez que deles lembro pouco) Mas do que eu sei que eu lembraria e de como eu não queria que nada passasse.
Sinto saudade de sentir o que eu sei que já senti.
Sinto saudade da inocência, do inusitado, do "pela primeira vez", da descoberta.
Sinto saudade às vezes de sentir.
Sinto saudade por antecipação.
Vivo o momento presente enxergando ele como passado e acabo por não viver ele de fato.
Estrago espontaneidades, racionalizo sentimentos.
Eu sou uma retardada.
Acho que minha vida é um filme e saio prevendo ele, tentando direcioná-lo conforme minha mente.
Sinto saudade de não dirigir.
Mas admito que não gostei de perder o controle da direção.
Sou hipócrita. (Mas você também.)
Sinto saudade de ser hipócrita sem saber.
Sinto saudade de ter convicções (mesmo que erradas).
E o que é certo e errado?
Sinto saudade de não ter dúvidas. (Mentira)
Sinto saudade de não mentir pra mim mesma.
Sinto saudade de pessoas.
E essas são físicas, doem.
Sinto saudade do que elas me proporcionavam.
Sinto saudade do que elas pararam de poder proporcionar.
Do que elas poderiam ter proporcionado.
Sinto saudade de dormir.
E durmo.

(Já sinto saudade de dormir: já me vejo acordando)

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Cena do café da manhã de um filme não feito

Cozinha. Pessoas no café da manhã. Ações cotidianas. Conversas encobertas por La traviatta. Uma cozinha. Cabelos negros, cabelos loiros. Conversa; La Traviatta. Foco: Olho castanho oblíquo. Foco: Olho verde intenso. Mãos, xícara, pães, o tilintar do talher, patê, açúcar, xícara, café. Azulejo. A day in the life 4'20'' - 4'46''. Silêncio, no hay banda. . Foco: Olho castanho confuso. Movimeta-se de um lado para outro, inquietante. Foco: olho verde estático.



Câmera amplia a cena, gradativamente. Inércia.






Eis o mundo. Estático.




Eis os cabelos negros e olhos castanhos, apavorados.
















youtube.com/watch?v=D8EyZp5jbeQ



youtube.com/watch?v=FCUeia-nEio&feature=related








Por: Brunas (Andrade e Schelb)
12/12/2010

(Happy Birthday Schelmann!)

sábado, 9 de abril de 2011

Nightmare

(Mum) - It's time for bed.


(Son) - Can i dream?


(TV Awake) - Dream is sleeping.

terça-feira, 29 de março de 2011

let's eat each other

nós não fomos feitos um para o outro.
minhas unhas cravadas em sua pele e seus dedos na minha, nada mais são que a demonstração de uma necessidade em nos possuirmos.
queremos nos obrigar a sê-lo.
nosso gosto definitivamente não combina.
a sincronia e levada dos seus sons são abafados pela falta de nitidez e poesia dos meus.
não adianta, nós não nos merecemos.
sua religião não aceita a minha, já minha religião aceita todas: não tenho uma.
sua esperança exacerbada encolhe cada vez mais meu pessimismo, que acaba por naufragar dentro de mim mesma me afastando cada vez mais da superfície.
nós nem sequer comemos a mesma coisa. de um lado peixe cru e de outro sangue de vaca.
de um lado você, de outro eu.
só isso nos aproxima.
seu gosto por mim e meu gosto por você.

terça-feira, 22 de março de 2011

sua

e com um leve abraço
fez-se do braço um laço

- não sais mais daqui

e onde mais poderia estar?

quarta-feira, 16 de março de 2011

desejo(,) que o desejado ainda seja você.

nietzsche me desestabilizou completamente.

assim que passei a perceber que amo desejar mais do que amo o objeto de meu desejo, passei a descredibilizar tanto meu desejo quanto o objeto do meu desejo.

não desejo!

ou por saber que desejo mais desejar, igualo meus desejados de tal forma que os anulo.

meu desejados se tornam permutáveis e meu desejo se sacia de qualquer forma.

não!

não é uma verdade imortal. não existem verdades inquebráveis, nem razão não instintiva.

vou desejar você.

vou desejar sua boca. seu cheiro. sua pele. seu cabelo. sua roupa. seu andar. sua risada. seu silêncio. sua voz. seu beijo.

vou desejar você até te necessitar.

e dessa necessidade desvaler meu desejo; que se fará morto, marfim.

até que um dia meu desejo retome seu tom vermelho e minha necessidade se reentregue à ele de tal forma que minha necessidade por desejo seja minha maior necessidade.



que o parêntese se mantenha.
O normal é sentir na pele, é tocar com a mão, é beijar com a boca

O normal é ser perdidamente apaixonado e se perder em paixões

O normal é declarar amor e se amar mais do que o amado

O normal é fingir que isso tudo é normal e fingir o contrário.



Eu sinto com a mão, eu toco com a boca, eu beijo com a pele.

Eu sou controladamente apaixonada e tento me achar em paixões.

Eu não me declaro e eu me amo mais que o amado.

Eu finjo que tudo é normal, mas sou o contrário.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Postar ou não postar?

Não vivemos de fatos, vivemos de expectativas. Expectativas que viram fatos, ou não. Escolhas de certa forma.
E isso de certa forma me irrita. Queria testar todas as possibilidades (infinitas?).
No livro que estava lendo diziam: "Mas o que pode valer a vida, se o primeiro ensaio da vida, já é a própria vida"
E pensei ser conveniente tal opinião.
Por não termos repetidas vezes a mesma vida, não podemos saber que caminho tomar por não podermos testá-los. Tanta coisa já devo ter perdido. Quantas escolhas já não devo ter tomado por medo de outras. Quantas atitudes interferiram em atitudes futuras. Quantas não atitudes também. É esse dilema que me mata. É, incrivelmente, essa dúvida que me amedronta.
Agir, não agir; ligar, não ligar; sair, não sair; ver, não ver; comer, não comer; beijar, não beijar; sim, não; talvez? São tantas opções para se restringir à uma. Podíamos combinar:
vou fazer isso, mas se não der certo, vamos apagar, fingir que nada aconteceu e fazer o contrário? Ou: finge que eu não te liguei?
Atitudes nem sempre condizem com personalidade. Eus que brigam por exposição, não exposição. Instinto e razão. Somos vistos pela nossa razão, mas de fato somos nosso instinto? Qual deles seguir? Mostrar?
Discordo então com o meu livro nesse ponto: não seria o peso e a leveza a maior incógnita de bom ou ruim, seria na verdade o sim ou o não.

14/11/2010

sábado, 19 de fevereiro de 2011

interdependência

da onde vem essa necessidade de expor ao mundo o que nos é exposto?
que prazer é esse em compartilhar o que nos é recebido em silêncio, particular?
pra que mostrar essas minhas dúvidas?
escrever essas linhas?
ter esse blog?
seria ego?
seria a fraqueza em não suportar, pensar, ser, sentir, sozinha?
seria bravura em não ter receios e barreiras em expor o que me vem a mente?
seria pensar que outros se identificariam com o que penso, sinto?
é querer se igualar?
é querer se mostrar diferente?
é franco o que escrevo?
é valido o que penso?
eu deveria me bastar.

mas quem se basta?

foda-se. vou postar e quero que você leia -

independência é o caralho!

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Ser

Sou me sendo
sou te sendo
sou nos sendo
sou não sendo
sou sendo
sem saber ser
sou

Sou eu
sou você
sou ele
sou nós
somos

Sou hoje
sou ontem
sou amanhã
serei

sendo
eu
sou
......você
somos
...........nós
serei
..................nada

Seremos.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

1:34 me conformo: e o sono? (28/06/2010)

E cá estou eu de novo: em uma noite que de tranquila não deveria ter nada e que aparenta ao menos ser esclarecedora, triste e cansativa talvez. 00:50 e ainda me pergunto se vou fazer a prova de cálculo amanhã às 9h. 00:51 e ainda sinto meus pés doendo do prazer de dançar. Prazer? Sim, 00:52 e me questiono se ainda sinto prazer. Prazer nos movimentos, prazer na sensação, prazer em transmitir, em receber, em seguir e ser levada. Dança é expressão sem pressão. É dizer sem falar. Crescer sem aumentar de tamanho. Trasmitir sem tocar. Dançar é "fazer amor com o próprio corpo". É transmitir esse amor, é transmitir sensações através do movimento. E tenho que ter isso em mente. Isso acima de tudo e de todos. Ir dançar porque gosto e não para provar que eu danço. Todos dançam. E não é alguém que vai chegar para mim e determinar se a minha dança é boa, certa e aprovada. Eu tenho que querer mostrar o meu prazer em estar ali, em subir num palco, em transmitir sensações e sentimentos. Pensar em mim, no meu prazer. Mandar à merda toda essa hipocrisia, falsidade, bipolaridade, atitudes infantis; e encarar o meu real motivo em estar, ser, dançar. Não quero pegar lugar de ninguém, roubar ninguém de ninguém. O que é das pessoas é delas e ponto. O que pode ser compartilhado vai ser, ou não. É como compartilhar prazeres, movimentos, passos, sentimentos, idéias, paixões. É um lugar para criar, crescer, compartilhar, e não disputar, excluir. Falta humildade, maturidade, reciprocidade, simplicidade, amor. Amor pela dança. Dançar para comunicar, e comunicar inclui você e o outro(s). Suas idéias vão ser transmitidas, não tem jeito. Sentidas. Seus movimentos vão ser apreciados, transimitidos. Imitados? Não é cópia, é comunicação. Não pensar que roubaram seu passo, e sim que o admiraram a ponto de passá-lo para outros. É inspiração, admiração. Nada se cria, tudo se transforma, se adapta. Tudo se compartilha! É... é sentir prazer em compartilhar! 1:16 e me desespero: e a faculdade?

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Como se nada fosse, era

Como se nada fizesse, dançava

Como se nada falasse, cantava

Como se nada visse, sonhava

Como se nada sentisse, amava.

Como se tudo durasse, passava

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Eis o homem

Ouvia-se no auto-falante da praça que o amor era a solução.
A solução contra quê? Me perguntei.
E nesse exato momento o ódio, a ganância, a gula e a preguiça, levantaram seus braços e vozes em sinal de protesto.
Pois, claro, onde se tem amor, se retira ódio.
E eu, como sempre, não sabia o que fazer.
Olhava de um, para outro. O que mudaria com a tal chegada anunciada?
Ficaria a praça mais iluminada?
Seria o vento mais macio?
E quando mal questionei tais mudanças, já veio a teimosia gritando em alto e bom som:
Tudo será diferente, eu garanto!
E a paciência logo interveio pedindo calma, que só vendo poderíamos crer em mudanças, e o que era pra ser, seria.
É, pensei, convincente.
Estaria eu enfim concordando com algo?
E mais uma vez o alto falante soou. Sim, dessa vez era o intelecto.
De ínicio fiquei em dúvida de que lado ele estava, pois dizia que só apreciaríamos o amor, porque tínhamos convivido com o ódio. Deveríamos apreciar o último, pois sem sua presença, não nos importaríamos com a chegada do primeiro. Desfrutaríamos do amor, por ter convivido com o ódio, dizia ele. Não eram, como poderia parecer, inimigos, mas sim, complementares! Tal como a dor, e a saúde; o frio e o quente; a saudade e a onipresença. Que já tinham percebido que não viviam um sem o outro. E ele ia continuar seu discurso, um tanto quanto convincente, quando a preguiça o chamou e convenceu de que daria muito trabalho pensar nisso tudo.
E foi, se aproveitando do momento, que o orgulho, que passara todo o discurso calado, não se conteve e desmentiu tamanha calúnia!
Como se atrevia o intelecto a dividir o brilho do ódio com o amor? Tudo era mérito dele próprio!
E a sinceridade, de um canto, apenas mentiu: verdades são mentiras convictas. O que, admito, me deixou confuso ao perceber que ela e a mentira estavam grudadas. Seriam siamesas?
Continuei a observar esse tumulto que me rodeava. Eram tantas convicções, tantos pontos de defesa, de ataque. Sempre existiria um debate? Não haveria um consenso? Onde estava a satisfação?
O boato que ela fugira já tinha anos, estava mais que na hora dela aparecer de novo, não é mesmo? Talvez não... A curiosidade, por um exemplo, era uma que se aproveitava desses momentos. Sempre dando pitecos do que poderia ser se fosse, do que seria se era... Algo assim.
E então as portas se abriram. E foi nesse exato momento, o que as portas se abriram e o amor entrou, que percebi que nada mudaria ao meu redor. A curiosidade sempre estaria presente, o ódio sempre estaria à espreita, a ganância sempre em posse do auto-falante, o intelecto quase sempre acompanhado da preguiça, os opostos sempre se necessitando, e a satisfação, para sempre perdida.
E foi assim, nesse mesmo exato momento, que tudo se tornou claro para mim; que de dúvida, virei certeza.