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terça-feira, 17 de novembro de 2015

os amados não amores

é engraçado como sofro a perda de um amor que sequer virou amor
dos tantos seres que já beijei, me relacionei, troquei mais do que palavras, todos levaram parte de mim ao partirem
levaram o nós que poderíamos ter sido
é bonito saber que pedacinhos meus estão por aí, nesses não amores momentaneamente apaixonantes

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

feito

feito água, escorro entre idéias
mergulho em sentimentos
me afogo em desilusões

feito pedra, me moldo com o tempo
rolo por diversos caminhos
me desfaço em pedaços ao perder pedaços de pessoas

feito gente, me perco em definições
me acho nas tentativas
me perco de novo, na imensidão dos outros

feito eu, me procuro em mim
me encontro em todos
e continuo a me procurar...

nov14

terça-feira, 18 de agosto de 2015

verde escura

Levantei da cama já sem sono. Puxei as cobertas que estavam presas embaixo de mim pro lado, fui me arrastando e botei os pés no chão. Passei pelo espelho enorme da parede: cabelos desgrenhados, calcinha e uma blusa larga sem manga. A porta já estava aberta, passei por ela e caminhei pelo pequeno corredor: banheiro. Acendi a luz. Espelho de novo: olheiras. A tampa do vaso já estava pra cima, um xixi antigo repousava na água parada. Abaixei a calcinha, sentei, xixi; novo. O xixi acabou, mas eu continuei ali, na mesma posição. O vaso é um dos meus lugares favoritos. Fiquei olhando pra frente, pensando na vida. Virei a cabeça pro lado e vi a pilha de cruzadinhas. Peguei a de cima. Procurei por uma página vazia. Achei. Completei as respostas, guardei a caneta e a cruzadinha. Já não tinha mais no que pensar nem o que fazer ali, no vaso. Papel higiênico. Três voltas. Uma única passada, o xixi não me sujou tanto e não saiu respingando pernas abaixo. Levantei a calcinha, levantei do vaso. Descarga. Decidi escovar os dentes. Olhei pro porta escovas. Verde escura... Verde escura... Minha escova não estava ali. Verde clara, rosa, branca. No lugar da verde escura: vazio. Por alguns segundos, pequenos, admito, fiquei aturdida. É tão mecânico olhar pro porta escovas e a minha escova verde escura estar ali. Nesse pequenos segundos fiquei sem reação e pensei: cadê a minha escova?? Quem pegou? Por quê? Me encarei no espelho: rápida retrospectiva. Fim de semana, viagem, mala... Mala! Saí do banheiro, passos um pouco mais acelerados. Pequeno corredor, porta aberta, quarto. Abri a mala que ainda estava jogada no chão, peguei a necessaire verde de bolinhas e arrastei o zíper. Lá estava ela, no fundo, serena, verde escura. Me olhei no espelho: três pulos pra são longuinho.

quarta-feira, 22 de julho de 2015

amor x sexo

embora meu corpo esteja presente
minha mente vagueia
meu coração adormece
e por mais que meu desejo transpareça
meu sentimento esfria
nada além do vazio desse sexo me possui
então adormeço e faço amor:
nada como gozar por completo

(janeiro)

segunda-feira, 29 de junho de 2015

mi sol

não sabiam qual direção tomar. iam da direita para a esquerda, de cima pra baixo. voltavam pra baixo. escorregavam, na maioria das vezes, de propósito. eram como loucos apaixonados, perdidos, determinados e transmitiam esse fervor. transmitiam amor. próprio, alheio, compartilhado. cada vez que se perdiam, criavam uma unicidade linda. os erros eram cada vez menos falhas. os acertos tomavam outras direções. quem os olhava, sorria. quem não os via, ouvia e sorria. porque mesmo de olhos fechados era possível acompanhar os dedos sobre as cordas do violão. era amor, em música.

9/06/15

terça-feira, 23 de junho de 2015

self love is the new black

olhares vazios
trocas evasivas
permanências instáveis

me pergunto quando o se entregar ficou fora de moda

24/05

quinta-feira, 30 de abril de 2015


hoje eu acordei apaixonada por você

terça-feira, 14 de abril de 2015

25 anos de sonho e de sangue e de américa do sul

prestes a fazer 25, paro para pensar o quanto já vivi nesse um quarto de século. já aprendi a andar, a falar, a chorar, sorrir, criar afeto, desapegar, conhecer, esquecer, lembrar, amar, odiar, ou achar que amo, que odeio. já aprendi a aprender, a desaprender, a ter hábitos, a forçar hábitos. a compreender os outros, a não compreender ou não me esforçar para tal. já aprendi a ter religião, a deixar de ter, a falar inglês, espanhol, a achar que faria curso de francês, italiano e mandarim. já dei o primeiro beijo, o milésimo; já namorei, desnamorei, namorei de novo. já tive uma banda, criei uma pedra, salvei formigas. já aprendi a dirigir, arrumei um emprego, dois. já fiz economia, cinema, teatro, continuo na dança. já virei talvez mais de 500 tequilas, comi macarrão na itália, mc donalds em nova iorque, x-tudo na porta do goa. já viajei de carro, de avião, de navio e espero, em breve, de bicicleta. já subi no palco do cavern club, assisti shows do Paul, tive um peixe chamado prudence. já vi milhares de filmes, li 60 livros da agatha christie, me viciei em no mínimo 20 séries. já usei freio de burro, camisinha, pijama na rua. já imaginei tocar, pisar em lugares que ninguém nunca tocou, pisou. já imaginei como seria viver nas casas que eu olhava, imaginei como seria ser outro. já ganhei da minha avó no buraco, perdi na sueca na faculdade, zerei mario world com meus primos. já questionei a existência humana, o modelo econômico mundial, o preço do gudang. já colecionei brindes do kinderovo, gelokos, coleciono copos de tequila. já chorei por não ir pra hogwarts, por não conhecer sandy e junior, por despedidas. já aprendi que odeio despedidas. já fui no maracanã, no coliseu, na casa de centenas de pessoas. já abri e fechei diversas portas, convivi, mesmo que por pouco tempo, com diversas rotinas, tomei café da manhã, lanchei, almocei. já tive músicas preferidas, músicas de viagens, de grupos de amigos, de namorados. já achei que aquele era pra sempre, depois que aquele outro, depois que nenhum, quem sabe ele? já toquei flauta, guitarra, bateria, partes do meu corpo. já plantei feijão no copo com algodão e tenho esse blog. imagino que seja como plantar uma árvore e escrever um livro. tenho três quartos de século para ter um filho.

quarta-feira, 8 de abril de 2015

madrugada

Abro os olhos aos poucos. Confesso que reluto em voltar para a realidade. Sinto o vento, fraco, soprando a cortina e arrepiando meus pelos. Ouço o silêncio da vida lá fora; deve ser madrugada. Meus olhos vão aos poucos se acostumando com a escuridão. Lembro da sua companhia pelo seu cheiro. No travesseiro, na colcha, em mim. Te vejo. Analiso suas costas, sua nuca, seus cabelos, desgrenhados. Percebo que meus pés estão entrelaçados com os seus. Tenho medo de me mexer e ao mesmo tempo uma vontade de te acordar me possui. Continuo no dilema. Minha mão passa a querer te acariciar. Deslizo meus dedos por suas costas. Vou contornando sua silhueta, passo pelo ombro, braço, ombro, nuca. Subo sem pressa para seu cabelo. Me perco nele e sem querer puxo um pouco você para mim. Minha boca alcança seu pescoço. Nossas pernas já se confundem. Sua mão procura pela minha e você me aperta. Te acordei. Você vira para mim. Nossas pernas continuam encaixadas, nossos troncos se encostam. Vejo, em meio a noite, seu sorriso. Você me beija. Mergulhamos mais uma vez em uma noite repleta de nós, escassa de roupas.

sexta-feira, 13 de março de 2015

príncipe

amo o jeito que você mexe no cabelo.
o modo que você me olha, como se me admirasse pela primeira vez.
amo tudo com você ser sempre a primeira vez (mesmo sendo a milésima).

amo o cheiro do seu corpo.
a forma como você anda, desengonçado mas com um destino traçado.
amo sua capacidade em me surpreender, apesar do nosso cotidiano.

amo seu carinho sonolento.
o prazer que você demonstra ter em me ajudar no que for.
amo a falta que você me faz sentir (mesmo que por 1 dia).

amo sua família.
seu cachorro.
seu travesseiro.

odeio você não existir.

domingo, 1 de março de 2015



Um dia a verdade e a mentira se esbarraram na rua:
- Prazer, Verdade.
- Prazer, Verdade.


quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

RUN, FORREST, naked

Por mim todo mundo andava nu.
Peitos balançando, ou não, pelo tamanho, assim como os pirus, ou também não, pelo tamanho, fios do o.b. pendurados acho que já seria demais.
Será que por isso passamos a tampar as partes íntimas inferiores? Ter que conter o sangue proveniente do útero?
Coitados dos homens. Sofrerem esse calor por nossa culpa. Mulheres. Que já sofrem demais tendo que parir homens e mulheres. Justo.
Voltando ao assunto.
Por mim todo mundo andava nu. Ainda mais em dias quentes. Nos dias frios um tecido seria bem-vindo. Uma meinha pra esquentar o pé, uma luva pra não congelar as mãos. Ok.
Por mim as mulheres andavam sem blusa.
Por que os peitos deles estão à mostra e os nossos não? O meu nem balançaria. E mesmo que balançasse, e daí?
Algo contra movimentos pendulares ou quicantes?
Ou seria uma forma de resguardar a fonte de leite da vida?
Hipocrisia. Machismo. Feminismo quiçá.
Se bem que correr com os peitos pulando deve doer. Um sutiã sustentaria o peso e amenizaria a dor.
Mas quase ninguém corre. Correr do quê? A polícia vem aí? Ok, ok.
Por mim os homens andavam nus; as mulheres menstruadas e com peitos pequenos, de calcinha; as menstruadas com peitos grandes de calcinha e sutiã; as não-menstruadas e com peitos pequenos nuas e, por fim, as não-menstruadas e com peitos grandes, de sutiã.
Por mim todo mundo andava vestido.

domingo, 11 de janeiro de 2015

ser

momentos sou eu
momentos sou o que quero ser
o que quer que eu seja
me faço eu mesma
me mostro ela, você, eles
me faço também deles
e me mostro eu
vou sendo e transparecendo seres
não-seres
e sem saber quando sou ou reflito
continuo
reflito, sinto, escondo, mostro
mas sempre sendo o que vem
o que veio, o que virá
assim me reviro
em mim, você, nós
me confundo e me acho
e me perco
e se me achares, me mostre
reflita o que perdi,
transpareça o que me escondo
tente me decifrar
tente me convencer de que sou eu
e não todos nós.

sós