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terça-feira, 3 de maio de 2011

Não consegui escrever o que eu queria. Ou como eu queria. Título: Não desperdiçando pensamentos, palavras. Dica: não disperdice seu tempo, palavras.

Já escrevi sobre saudade?
Quem já não escreveu sobre saudade?
Que sejam aqueles textos vangloriando essa palavra únicamente brasileira, sejam os de um amor perdido, o de tempos idos, os de distância física, os de cheiros, gostos...
E hoje eu quero falar de mais de uma dessa saudade.
E não quero falar poeticamente, em texto arrumado, gostoso de ser lido, bonito...
Quero só falar. Sair cutucando essas teclas aqui e escrever.
Quero ter esse ímpeto, assim como a saudade tem de entrar em mim sem eu querer.
Ou eu quero?
Lá vou eu entrar em outros campos... Não, não vou.
Saudade.
Saudades.
Saúde. Saúde do que? Do sentimento? De saber que sentimos e ao setirmos sentimos a falta de sentir algo?
Pulemos a morfologia (minha) da palavra.
Vamos à sua semântica.
Eu estou com saudades.
E digo no plural mesmo, porque virei um poço de saudades.
Virei uma saudade ambulante, ou melhor, um corpo rodeado de 'fatores saudosísticos'.
Tudo parece me remeter à saudade.
Eu odeio saber do ido, do foi, do era, do vai passar, melhor, do passado.
E odeio, ao mesmo tempo, saber do ir (porque me remete que o que sou vai ser foi). Ou seja, o futuro me alerta que o presente é passado. E acaba que tudo vira passado antes mesmo de ser futuro, ou, mais precisamente, presente.
Mas nem sempre penso assim. Porque se assim o fosse não sentiria saudades. Saberia que tal coisa aconteceria, tal pessoa voltaria, tal sentimento passaria. Ou não.
Poderia ter saudades do que poderia ser e nunca será, aquela saudade que existe mesmo antes de existir motivo da saudade. Só sua hipótese.
Essa é chata... É o: como seria se fosse.
Mas talvez não doa tanto quanto o: foi e não vai ser mais.
Porque nesse caso você sentiu o que era e o que não poderá ser mais.
É... Não sei.
Pensando bem, dá pra ser as duas ao mesmo tempo. Dá pra ser como seria se fosse e foi e não vai ser mais (não por enquanto).
E essa tá me sugando por enquanto.
Também tem a saudade alheia. A que vem junto, ou por causa, da compaixão.
Aquela saudade do outro que você sente pela pessoa.
A falta que ela faria e que você acaba sabendo como vai ser.
A saudade de terceiros...
E tem a saudade do que você sabe que seria se não fosse alguma coisa.
Não, não é igual a: como seria se fosse.
Você, nesse caso, já sabe como seria. Você tem tudo ali planejado, claro na sua frente, mas não acontece.
E você sabe como é, mesmo não sendo. E acaba sofrendo a saudade daquilo que você sabia como era sem ter sido.

Tudo bem, a saudade dos tempos idos. Essa eu já tenho como íntima. Sofro do "mal do Peter Pan".
Nunca quis crescer, nunca quis sair da escola, nunca quis ser maior de idade, gozar dos privilégios da maturidade.
Por mim estagnaria os momentos, as sensações.
Mentira, não mesmo.
Mas eu odeio o "nunca mais" e me perdoem os fanáticos pelo: 'nunca diga nunca', mas nunca mais viveremos militricamente igual nenhum momento da nossa vida. Nem em memória. Nossa! Nossa memória é uma ladra, uma diretora renomadíssima. A minha memória nesse caso uma péssima diretora, porque mais degrada as cenas do que as soma.
Não lembro das coisas direito, das sensações, dos costumes, das particularidades.
Tudo me vem à mente como um filme antigo visto, sendo eu a personagem principal. (E em preto e branco, e cortado, e falhado e sem som e cheiro e... acabo inventando um passado).
Tudo bem, sou uma acumulação de tudo que já vivi. Mas de verdade só consto esse fato como verdadeito por fotos. "Ah sim, era eu". Porque por memória e compaixão por tempos passados, estou zerada.
E acabo por sentir falta disso. (Não dos tempos passados relembráveis, uma vez que deles lembro pouco) Mas do que eu sei que eu lembraria e de como eu não queria que nada passasse.
Sinto saudade de sentir o que eu sei que já senti.
Sinto saudade da inocência, do inusitado, do "pela primeira vez", da descoberta.
Sinto saudade às vezes de sentir.
Sinto saudade por antecipação.
Vivo o momento presente enxergando ele como passado e acabo por não viver ele de fato.
Estrago espontaneidades, racionalizo sentimentos.
Eu sou uma retardada.
Acho que minha vida é um filme e saio prevendo ele, tentando direcioná-lo conforme minha mente.
Sinto saudade de não dirigir.
Mas admito que não gostei de perder o controle da direção.
Sou hipócrita. (Mas você também.)
Sinto saudade de ser hipócrita sem saber.
Sinto saudade de ter convicções (mesmo que erradas).
E o que é certo e errado?
Sinto saudade de não ter dúvidas. (Mentira)
Sinto saudade de não mentir pra mim mesma.
Sinto saudade de pessoas.
E essas são físicas, doem.
Sinto saudade do que elas me proporcionavam.
Sinto saudade do que elas pararam de poder proporcionar.
Do que elas poderiam ter proporcionado.
Sinto saudade de dormir.
E durmo.

(Já sinto saudade de dormir: já me vejo acordando)

3 comentários:

  1. Não vivemos sozinhos!

    Olá, tudo bem? Em um ensaio ou melhor, em um texto feito agora para você, quero endossar que a gente não vivemos sozinhos!

    Eu penso muito em escrever esse texto, embora eu não curto blogs e exposição, eu gostaria de escrever algo sobre o assunto!

    Em caracter inédito e para deixar guardado ele, gostaria de deixar esse texto para você, antes de mais nada, é um texto rápido, sem muita importância e principalmente escrito do que me vem na cabeça!

    Todo dia quando eu tomo um copo de água, eu fico pensando, quantas pessoas foram necessárias para mim ter esse previlégio? Quantas pessoas trabalharam, tiveram seu suor imprimido para criar o material desse copo, a água vinda desse galão e tudo num conjunto que hoje nos deixa num mundo melhor.

    Ao longo da vida e do tempo, a gente esquece das pessoas, por valores e situações, a gente totalmente esquece que outras pessoas existem e são o conjunto da nossa própria existência.

    Vejo o mundo hoje muito desenvolvido, a Internet pode aproximar uma pessoa que viu você numa praia ou numa rua a muito tempo atrás num instante, e também pode distanciar as pessoas com simples cliques, acho que as pessoas ignoram a existência de outros e de importâncias que somente servem para elas, o que não serve, elas simplismente ignoram.

    Bom, esse é um esboço e um simples texto, queria escrever mais, queria dizer o quanto eu penso nas pessoas e dou valor no que elas já foram para mim.

    Obrigado por ler isso, espero que isso não se apague!

    Abraços!

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  2. O pior desprezo é o silêncio, sua tática eterna e sem explicação! :)

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  3. Lusie Big Mozi da Ilusão24 de maio de 2011 às 16:27

    "Saudade alheia", essa eu sei sentir..
    Mesmo que alheia, sinto por mim. E em sendo alheia, já senti por você e vou sempre sentir.

    Pelo menos por vc, que vai estar sempre nas minhas lembranças e (obrigada) nas minhas memórias, onde minha Diretora é bem rígida e disciplinada.

    E não tema por ter uma péssima Diretora.. Não enquanto eu estiver aqui, pra somar as suas cenas, colorir, juntar, colar, dar som e cheiro (como Blossoming Romance numa manhã rotineira).

    Rotineira?!
    Pela rotina que a gente não tem. A rotina que nos deixa escapar os detalhes, os acontecimentos e tudo mais.. Mas que graças à vontade de compartilhar e de NOS deixar a par de NÓS MESMAS, e graças à invenção de Martin Cooper, nossa "rotina" se mantém. O presente vai sendo retalhado, o passado é relatado, contado e contestado e o futuro é questionado. Sim, pq se dependesse de Graham Bell, não conseguiríamos! Não poderíamos respeitar os intervalos das refeições, das aulas, do barco sobre a baía, dos elevadores sem sinais, da direção ao volante, do sono (hehe do sono!). Nossas memórias, ou melhor, a construção delas, do nosso "passado antes mesmo de ser futuro, ou, mais precisamente, presente" estariam comprometidas..

    Então tá, não perca mais seu tempo lendo esse post que (mais uma vez) disseca (a cada vez de uma forma diferente, poética, leve e pesada) sobre a "distância" da nossa amizade que se faz presente todos os dias!
    E que todos os dias me incomoda..
    E que todos os dias me faz temer a perda..
    E que todos os dias me faz saber que eu AMO sua presença na minha vida mesmo que distante ou apenas pelo baú gigantesco de memórias que dela eu tenho!

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